25.6.06

Em ponto de Ballack

Antes de o Brasil querer vencer a Copa, é preciso jogar com Gana. Como diz Milton Nascimento, é preciso ter gana sempre. A seleção de Gana tem. E tem também Appiah pra lavar a alma dos simpáticos "gananciosos".

Um Klose na equipe da Alemanha, mostra-nos que a mesma, se não começou bem, agora já está em ponto de Ballack. No mais, nossos adversários não oferecem tanto perigo assim. A Argentina já Tevez melhores jogadores e dizem que os holandeses ainda Van Joggar Ben em futuras Copas. Se não, a menos que os juízes Robben, eles Van Der Sar sempre. E a França que Zidane.

A Itália, sempre candidata ao título e com bons times em outras Copas, está com um futebol Grosso, pelo menos Nesta. Aliás, o intestino está bem representado nesta Copa. Além do Grosso, italiano, temos também o Delgado, equatoriano (e outro angolano). O resultado, você sabe qual é: a Copa está uma merda. Muitos cartões, árbitros cheios de arbitrariedades, poucos gols e poucas jogadas bonitas e empolgantes. Acho que a seleção da Copa vai ser a dos treinadores. Imaginem um meio de campo com Van Basten, Klinsmann e Zico. Nada mal, hein?

Das zebras, ficou provado que a Costa Rica tem um futebol pobre e não ameaça nem com gritos de Porras no gol. A última colocada deste mundial mostrou que não Servia mesmo para o futebol. Desse título, Montenegro escapou, pois a Fifa já havia determinado que esta participação seria creditada à Sérvia para efeitos estatísticos. A Croácia só tem um jogador de destaque, Prso, que já fez tanto gol de letra que faltou letra no nome dele. A Costa do Marfim, que tem em seu quadro Kalou e Boka, volta pra casa em silêncio. E o México, apesar de ser o time de Bravo que é, mesmo com Sanchez, ficou sem chances.

No Brasil, Émerson e Roberto Carlos talvez devessem tentar carreira na Fórmula 1 e na música, respectivamente, porque no futebol eles estão devagar e sem emoções. Cafu devia sair, pois não é recomendável uma defesa brasileira Cafu-Dida. Finalmente, entendi porque dizem que o Quadrado Mágico é formado por astros. É que, enquanto Adriano e Ronaldo buscam um lugar ao Sol, Ronaldinho e Kaká vivem no mundo da Lua.

6.6.06

Música inspirada



Música é perfume. Esta é uma frase dita por Maria Bethânia, num trecho do documentário de mesmo nome, dirigido pelo francês Georges Gachot. O documentário é uma verdadeira perfumaria, com fragrâncias suaves e tradicionais, como Gente humilde, Bom dia tristeza, Luar do sertão, Olhos nos olhos e Samba da benção e outras mais fortes e encorpadas, como Purificar o Subaé e Ya Ya Mussemba.

Entre um e outro aroma, depoimentos de pessoas bem próximas a ela, como Chico Buarque, Gilberto Gil, Nana Caymmi, seu irmão Caetano Veloso e sua mãe, dona Canô. Em uma parte do filme, Caetano explica que Bethânia, no início de sua carreira, não se identificava com o estilo comedido da bossa nova, embora a admirasse, pois tal estilo opunha-se a sua voz forte e a toda a dramaticidade que ela apresentava, e que traz consigo até hoje, o que a fez, à época, buscar referências musicais nos compositores mais antigos e com maior carga dramática, como Lupicínio Rodrigues e outros.

Interessante também o comentário da cantora sobre sua voz, tratada por ela como uma entidade à parte, independente e com vida própria: "A voz mora em mim, mas não sinto como se fosse minha. É uma expressão de Deus". Por isso, quando Gilberto Gil define a voz de Bethânia como "a fricção entre o tudo e o nada" ou "entre o corpo e a alma", embora essa frase venha provocando risos nas exibições do documentário, qual Terezinha (de Chico) ao terceiro homem, eu entendo o que ele quer: mostrar, justamente, esses dois lados de sua voz, forte e racional (corpo), mas também sensível e emocional (alma), concreta e abstrata, tudo e nada (Tá bom, podem me chamar de Gil, ficarei bastante orgulhoso).

Na parte musical, o filme é metade palco, metade estúdio. Mostra trechos do espetáculo Brasileirinho (eu não poderia chamar de ‘show’ algo tão brasileiro) no Rio de Janeiro e na Bahia, ensaios, bastidores, bem como todo o envolvimento da cantora no processo de gravação de um disco, como em "Que falta você me faz", em que se pode observar sua sensibilidade, preocupação com detalhes e participação na escolha dos arranjos musicais, junto com Jaime Alem, seu diretor musical e arranjador, com quem ela demonstra ter bastante entrosamento.

No estúdio, ela vibra, dá palpites e é exigente. No palco, com seus pés descalços e cabelos esvoaçantes, ela entrega-se, transforma-se e emociona-se. Somente as emoções, como num drama, tão bem definido por Caetano e cantado por ela: "E ao fim de cada ato, limpo num pano de prato as mãos sujas de sangue das canções". Tudo isto nos ajuda a entender porque seus shows e discos resultam tão esmerados e bem feitos. Por sua vez, este compromisso com a perfeição sem deixar de lado a emoção, pelo contrário, pondo-a sempre à frente e em primeiro lugar, talvez explique sua enorme empatia com o público.

Nas cenas externas, bonitas imagens do Rio de Janeiro, de Salvador e de sua terra natal, Santo Amaro da Purificação, com seus habitantes e sua vida simples, que lembram a Bethânia, que completa 60 anos de vida neste mês de junho, a importância de suas origens, de sua infância e um episódio que ela considera ter sido seu primeiro exercício de concentração, ainda na infância, com o mano Caetano.